sábado, 23 de novembro de 2013

Parábola - O Homem, o Cavalo e o Cachorro



O Homem, o Cavalo e o Cachorro

Um homem, seu cavalo e seu cachorro caminhavam por uma estrada. Depois de muito caminhar, esse homem se deu conta de que eles haviam morrido num acidente. 
A caminhada era muito longa, morro acima. O sol era forte e eles ficaram suados e com muita sede. Precisavam desesperadamente de água. Numa curva do caminho avistaram um portão magnífico, todo de mármore, que conduzia a uma lagoa muito bonita, com montanhas e, ao lado, havia uma praça calçada com blocos de mármore, no centro da qual havia uma fonte de onde jorrava água cristalina.
Numa guarita, um homem guardava a entrada e o caminhante dirigiu-se a ele:
- Bom dia. - Disse o caminhante.
- Bom dia. - Respondeu o homem.
- Que lugar é este, tão lindo? - Ele perguntou.
- Isto aqui é o céu.
- Que bom que nós chegamos ao céu! Estamos com muita sede. - Disse o caminhante.
- O senhor pode entrar e beber água à vontade. - Disse o sujeito, indicando-lhe a fonte.
- Meu cavalo e meu cachorro também estão com sede.
- Lamento muito, disse o sujeito. - Aqui não se permite a entrada de animais. Está escrito em Apocalipse 22:15 que os cães não entram no céu.
O homem ficou triste e muito desapontado porque sua sede era grande, mas ter que deixar seus amigos com sede, partia-lhe o coração. Então, decidiu que não beberia e, assim, prosseguiu em seu caminho.
Depois de muito caminharem, chegaram ao sopé de uma montanha onde o caminho se bifurcava: um era muito bonito, largo e florido e o outro, morro acima, nem parecia rua, pois era estreito e pedregoso. Ele e seus amigos partiram nessa direção, chegando a um lugar cuja entrada era marcada por uma porteira velha, semi aberta e escancarada.
Transpuseram a porteira e chegaram a uma rua, um caminho de grama bem verdinha, com árvores dos dois lados que lhe faziam sombra. E foram caminhando. Ali as ruas eram calçadas de ouro, jaspe e cristal. Lá no final, à sombra de uma das árvores, encontraram um sujeito deitado, cabeça coberta com um chapéu, que parecia estar dormindo.
- Bom dia. - Disse o caminhante.
- Bom dia. - Respondeu o homem.
- Eu, meu cavalo e meu cachorro estamos com muita sede. - Disse o recém-chegado.
- Há uma fonte que jorra naquelas pedras. - Disse o homem, indicando-lhe um lugar ali próximo. - Podem beber à vontade.
O homem, o cavalo e o cachorro foram até a fonte e mataram a sede.
- Muito obrigado. - Disse o homem ao sair.
- Voltem quando quiserem. - Respondeu o sujeito.
- A propósito. - Disse o caminhante. - Qual é o nome deste lugar?
- Aqui é o céu. - Respondeu o homem.
- Céu? Mas o sujeito na guarita, ao lado do portão de mármore, disse que lá é que era o céu. - Complementou, intrigado.
- Aquilo não é o céu, não. Aquilo é o inferno. O diabo é o pai da mentira, você não sabia? Ele usa, inclusive, citações da Bíblia para enganar os incautos... - Foi a resposta que obteve.
O caminhante ficou perplexo, coçando o queixo, confuso.
- Ué... mas, então, essa informação falsa deve causar grandes confusões. - Disse ele.
- De forma alguma. - Respondeu o homem. - Na verdade, ele nos faz um grande favor, porque lá ficam aqueles que não têm coração e são capazes até de abandonar seus melhores amigos.


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