O Negrinho do Pastoreio
Origem da Lenda
O Negrinho do Pastoreio é uma lenda do folclore brasileiro, de origem africana, que retrata a violência e a injustiça impostas aos escravos, ao contar a história de um garoto escravo que passa por maus tratos e morre em um formigueiro.
O Que Diz a Lenda
Uma das versões diz que, havia um escravo negro, ainda adolescente, encarregado de cuidar do pasto e dos cavalos de um rico fazendeiro. Num determinado dia, ao voltar do trabalho, o menino foi acusado pelo patrão de ter perdido um dos cavalos. Então, o fazendeiro mandou que o menino fosse açoitado e depois voltasse ao pasto para procurar o cavalo. Após procurar por várias horas, o menino retornou à fazenda sem encontrar o cavalo, sofrendo um castigo ainda maior: o patrão o colocou pelado dentro de um formigueiro. No dia seguinte, o fazendeiro retornou para verificar a situação do menino e se surpreendeu ao vê-lo livre, sem nenhum ferimento, montando o cavalo baio que havia sumido. Conta a lenda que o menino foi salvo por um milagre, sendo transformado em anjo.
Outra Versão da Lenda
Uma outra versão conta que trata-se de um menino muito negro e pequeno, escravo de um estancieiro cruel. O menino não tinha nome, sendo conhecido apenas como Negrinho. Ele se dizia afilhado da Virgem Maria. Um dia, após perder uma corrida, o Negrinho foi cruelmente punido pelo estancieiro e, caindo no sono, perdeu o pastoreio. Foi castigado também por esse motivo. Ao reencontrar o pastoreio, o menino dormiu outra vez, perdendo o pastoreio pela segunda vez. Então, além da surra, o estancieiro jogou o menino sobre um formigueiro, voltando três dias depois, e para sua surpresa, viu o Negrinho em pé, com a pele lisa, acompanhado de sua madrinha.
Significado
O Negrinho do Pastoreio é considerado, por aqueles que acreditam na lenda, como o protetor das pessoas que perdem algo. De acordo com a crença, ao perder alguma coisa, basta pedir ao menino do pastoreio, que ele ajuda a encontrar. Em retribuição, a pessoa deve acender uma vela ao menino ou comprar uma planta.
Conto Folclórico
Há muito tempo, no Rio Grande do Sul, havia um fazendeiro muito rico, que tinha muita maldade no coração. Ele tinha um escravo, conhecido apenas como Negrinho do Pastoreio, que se dizia afilhado de Nossa Senhora. O estancieiro dava muito trabalho e pouca comida ao Negrinho.
Um dia, o fazendeiro apostou uma corrida a cavalo com um vizinho que dizia possuir o cavalo mais rápido daquelas estâncias. Então, o fazendeiro mandou o Negrinho treinar e montar seu baio mais famoso.
Depois das apostas feitas, iniciou-se a corrida. Os dois cavalos permaneceram lado a lado durante grande parte do percurso. Negrinho se esforçava muito, pois sabia que seria surrado se não vencesse. Aos poucos foi tomando a frente, mas algo assustou o cavalo, que empinou e quase derrubou Negrinho. Isso foi o suficiente para que o adversário ultrapassasse e ganhasse a corrida.
O fazendeiro, furioso, teve que cobrir as apostas.
Ao retornar à fazenda, o estancieiro disse ao Negrinho que este ficaria trinta dias e trinta noites com o cavalo perdedor no pasto e ainda cuidaria de outros trinta cavalos. Além disso, deu trinta chibatadas no pequeno escravo.
Dias depois, Negrinho rezou para Nossa Senhora e adormeceu. Os cavalos soltaram-se. Negrinho acordou assustado e, quando percebeu a fuga dos cavalos, sentou-se e chorou.
O filho do fazendeiro, que estava perto, viu tudo e foi correndo contar ao pai. O patrão mandou outros escravos buscarem o Negrinho. O pequeno escravo até tentou explicar o ocorrido, mas de nada adiantou. Ele foi amarrado no tronco e açoitado. Após a surra, o fazendeiro mandou que ele procurasse pelos cavalos.
Negrinho achou os cavalos, os amarrou e se deitou no chão para descansar. Então, o filho do fazendeiro vendo isso, fez uma nova maldade, soltando os cavalos e indo dizer ao pai que o Negrinho havia encontrado os cavalos, mas deixou-os fugir outra vez.
O patrão ficou furioso, amarrou Negrinho pelos pulsos e bateu nele impiedosamente. Negrinho rezou para Nossa Senhora e desmaiou de dor.
Pensando que havia matado o Negrinho, o fazendeiro não soube o que fazer com o corpo e, avistando um enorme formigueiro, o jogou lá.
No dia seguinte, curioso para ver o corpo do menino, o patrão foi até o formigueiro. Para sua surpresa, viu o Negrinho de pé, sorrindo ao lado de Nossa Senhora, tendo em volta dele os cavalos perdidos. O garoto montou num deles e partiu com trinta cavalos atrás de si.
Até hoje, em alguns lugares do país, quando as pessoas perdem algo, acendem uma vela para o Negrinho do Pastoreio, acreditando que o garoto vai ajudar a encontrar o objeto perdido.